Voluntariado...porque não?

Falar de Voluntariado é quase tão complicado como falar de Amor. Quem não sabe o que é o Amor, e quem não sente que sabe o que é Voluntariado? Mas quando alguém se dá ao trabalho de pôr estes conceitos no papel, ou tenta abordá-los de improviso, depara-se com inúmeros pequenos e grandes obstáculos. Rigorosamente falando, o conceito absoluto de Voluntariado não existe. No Mundo não há duas pessoas iguais, nunca houve nem nunca haverá. Cada um de nós tem um conceito de Voluntariado ímpar. Isto não quer dizer que não tentemos encontrar o denominador comum da sua essência.

Nas sociedades modernas como a nossa, onde o dinheiro, sob as suas múltiplas formas, permeia toda a nossa vida como o indispensável elo de ligação, os direitos e deveres dos cidadãos estão mais ou menos firmemente definidos.

Acredito que os objectivos da sociedade não se prendem apenasem garantir a relativa tranquilidade. As ambições vão mais alto. Queremos um progressivo melhoramento das qualidades das nossas vidas. Mas como o nosso desejado crescente bem estar anda sempre um passo à frente da realidade presente, a nossa atenção vira-se, por vezes, para o serviço voluntário.

As receitas que o Estado consegue gerar, assim como o sector não governamental, não são suficientes para dar conta de todas as nossas necessidades e ambições. Há que, por isso, lançar a nossa rede para apanhar o esforço contido no voluntariado.

Mas o que é então o voluntariado? Quando o homem do táxi presta um serviço e cobra por ele, sabemos que não está a prestar um apoio voluntário. Os funcionários, ou melhor dizendo, os que trabalham para terceiros, recebendo o seu salário periodicamente, estão fora do âmbito do voluntariado. Quando alguém dá uma boleia e não cobra nada, estará essa pessoa a ser um voluntário? Certamente cometeu um gesto singular de altruísmo, mas isso não tem nada a ver com o voluntariado. O conceito de voluntariado prende-se com um serviço prestado gratuitamente com certa regularidade. Mas a quem? Claro que directa ou indirectamente às pessoas carenciadas, através de uma organização ou instituição, não lucrativa.

Uma senhora que visita diariamente o seu pai que vive só e se encontra debilitado, a fim de lhe prestar os cuidados indispensáveis. Estará ela a exercer o voluntariado? A sua motivação prende-se, certamente, com a ligação filial e talvez com o sentimento de cumprimento de um dever.

Mas uma outra senhora que vá fazer praticamente o mesmo em relação a um idoso, em princípio, desconhecido. Aqui a motivação é outra. O seu alvo não tem nada a ver com parentesco. Poderia, neste caso, a pessoa alvo ser, perfeitamente, uma outra pessoa. Estamos perante um caso de voluntariado. Torna-se claro, então, que o elemento instituição é basico nesta actividade.

Nem todas as organizações não lucrativas, no entanto, estão vocacionadas para comportar ou tolerar o voluntariado. A necessidade surge quando a missão a cumprir é superior à capacidade dos seus funcionários, ou seja, da sua capacidade executiva.

Mas o que é um voluntário? Ou quem pode ser um voluntário? Esta é uma questão fundamental. A pessoa voluntária tem de reunir certos atributos indispensáveis: Tem de ser emocionalmente estável; Sentir uma inequívoca vontade de dar um pouco de si aos outros; tem de estar, pelo menos, relativamente desafogada financeiramente; dispor claramente de tempo suficiente para o efeito; ter os necessários conhecimentos e capacidade de trabalho; ser, pelo menos, relativamente saudável; ter apetência para o que vai fazer; ser disciplinada; ser capaz de cumprir horários e executar tarefas com sentido de responsabilidade.

O essencial é querer ser-se voluntário!

E Porque não?